As Sete Maravilhas do Mundo Antigo, como o próprio nome maravilha supõe, designam as sete construções da antiguidade clássica classificadas como dignas de serem vistas, admiráveis, extraordinárias, e por isso capazes de despertar no observador o sentimento do sublime, produzido e elevado pela admiração humana ante um poder que extrapola as limitações da existência cotidiana sem, entretanto, apequenar o sujeito, por estar a certa distância psíquica do objeto e prezo numa contemplação prazerosa deste.
Para um melhor entendimento acerca do sensação causada pela contemplação das sete maravilhas, seja nos tempos clássicos ou atuais, é importante que analisemos o termo sublime enquadrado a uma categoria estética, como fizeram muitos filósofos e pensadores, desde Longino a Adorno.
Longino, na tradução de sua obra Sobre o Sublime, feita por Boileau, relaciona o termo com a elevação ou grandeza da alma, que se seduz devido a certa força do discurso, exclusivo a cada objeto e extraído a partir dele. Longino, e mais tarde Boileau, não se prenderam, em seus estudos, ao prazer especial que o sublime provoca, nem em suas fontes ou causas. Esses questionamentos podem ser encontrados na obra do inglês Edmund Burke, Indagação filosófica sobre a origem de nossas idéias acerca do sublime e do belo, onde relaciona o sublime ao infinito e, principalmente, ao sentimento do terror: “Tudo aquilo que é de algum modo terrível ou se relaciona com objetos terríveis, ou atua de modo análogo ao terror, é fonte do sublime”, por produzir a sensação mais forte que o sujeito pode sentir, desde que, como resultado dessa mais forte sensação o homem consiga desenvolver forças para evitar o seu esmagamento, a sua impotência frente à causa do terror o que, se acontecesse, seria um fenômeno pertencente ao trágico, e não mais ao sublime. Em suma, tudo aquilo que se relaciona ao terror é fonte do sublime, se despertar no homem a confiança nas suas próprias forças e a consciência de seu próprio poder, geralmente acompanhado pelo terror em perdê-lo, pensamentos que foram introduzidos e desenvolvidos por um outro filósofo chamado Kant. Assim, são fontes do sublime: a escuridão seja da noite ou da ignorância das coisas; a confusão; o desconhecido; a privação ou carência; a vazio; a solidão; o silêncio; a vastidão ou grandeza de dimensões; a idéia de infinito, magnificência...
Não é difícil de imaginar como as Sete Maravilhas possam estar relacionadas a essa visão do sublime. Todas elas surgiram com o intuito da demonstração de poder, não somente ao poder de superioridade em relação a outros povos, mas também ao poder do domínio das técnicas, ao poder de fazer, seja este intuitivo ou não.
Transcrevendo a idéia do sublime para um pensamento mais contemporâneo, encontramos as concepções de Nikolai Hartmann e Adorno. Nikolai aponta como aspectos detectáveis do sublime a separação do transcendental e absoluto (Deus) e sua aceitação no natural e humano; a separação do quantitativo, do opressor, terrível e catastrófico. Já adorno relaciona o sublime com a história e a realidade humana, sem o aspecto especulativo da natureza e seus fenômenos como possíveis causadores do sublime.
Após conhecer as idéias dos principais filósofos que abordaram as questões relativas ao sublime enquanto categoria estética, percebemos que “o sentimento do sublime surge na relação principal entre a grandiosidade e a infinitude de um fenômeno e as limitadas forças humanas, ou quando estas alcançam um poder que ultrapassa o cotidiano ou o normal, mas o sujeito tem que se situar a certa distância do fenômeno aterrorizante ou horroroso para que possa contemplá-lo e despertar nele o sentimento do sublime”(Convite à Estética, pág.240), pois, “enquanto o sujeito não puder contempla-la porque o aterrorizante o anula”(Convite à Estética, pág. 240), o sujeito está acorrentado a esse sentimento e não há, portanto, sublime estético e nem artístico.
Considero as Sete Maravilhas como sete obras em que o sublime estético está presente, não só porque o sublime está relacionado às suas origens, mas por ter permanecido até os dias atuais, apesar de só as Pirâmides do Egito ainda poderem ser vistas, por serem capazes de deslumbrar, encantar, maravilhar muitas pessoas sob diferentes ângulos e em diferentes instantes, pois é um deslumbramento que se dá em totalidade e não é divisível em partes, pois o maravilhoso se impõem enquanto conjunto de idéias e formas únicas, jamais encontradas em qualquer outra manifestação da arte, pelo simples fato de não poderem ser copiadas:
Para um melhor entendimento acerca do sensação causada pela contemplação das sete maravilhas, seja nos tempos clássicos ou atuais, é importante que analisemos o termo sublime enquadrado a uma categoria estética, como fizeram muitos filósofos e pensadores, desde Longino a Adorno.
Longino, na tradução de sua obra Sobre o Sublime, feita por Boileau, relaciona o termo com a elevação ou grandeza da alma, que se seduz devido a certa força do discurso, exclusivo a cada objeto e extraído a partir dele. Longino, e mais tarde Boileau, não se prenderam, em seus estudos, ao prazer especial que o sublime provoca, nem em suas fontes ou causas. Esses questionamentos podem ser encontrados na obra do inglês Edmund Burke, Indagação filosófica sobre a origem de nossas idéias acerca do sublime e do belo, onde relaciona o sublime ao infinito e, principalmente, ao sentimento do terror: “Tudo aquilo que é de algum modo terrível ou se relaciona com objetos terríveis, ou atua de modo análogo ao terror, é fonte do sublime”, por produzir a sensação mais forte que o sujeito pode sentir, desde que, como resultado dessa mais forte sensação o homem consiga desenvolver forças para evitar o seu esmagamento, a sua impotência frente à causa do terror o que, se acontecesse, seria um fenômeno pertencente ao trágico, e não mais ao sublime. Em suma, tudo aquilo que se relaciona ao terror é fonte do sublime, se despertar no homem a confiança nas suas próprias forças e a consciência de seu próprio poder, geralmente acompanhado pelo terror em perdê-lo, pensamentos que foram introduzidos e desenvolvidos por um outro filósofo chamado Kant. Assim, são fontes do sublime: a escuridão seja da noite ou da ignorância das coisas; a confusão; o desconhecido; a privação ou carência; a vazio; a solidão; o silêncio; a vastidão ou grandeza de dimensões; a idéia de infinito, magnificência...
Não é difícil de imaginar como as Sete Maravilhas possam estar relacionadas a essa visão do sublime. Todas elas surgiram com o intuito da demonstração de poder, não somente ao poder de superioridade em relação a outros povos, mas também ao poder do domínio das técnicas, ao poder de fazer, seja este intuitivo ou não.
Transcrevendo a idéia do sublime para um pensamento mais contemporâneo, encontramos as concepções de Nikolai Hartmann e Adorno. Nikolai aponta como aspectos detectáveis do sublime a separação do transcendental e absoluto (Deus) e sua aceitação no natural e humano; a separação do quantitativo, do opressor, terrível e catastrófico. Já adorno relaciona o sublime com a história e a realidade humana, sem o aspecto especulativo da natureza e seus fenômenos como possíveis causadores do sublime.
Após conhecer as idéias dos principais filósofos que abordaram as questões relativas ao sublime enquanto categoria estética, percebemos que “o sentimento do sublime surge na relação principal entre a grandiosidade e a infinitude de um fenômeno e as limitadas forças humanas, ou quando estas alcançam um poder que ultrapassa o cotidiano ou o normal, mas o sujeito tem que se situar a certa distância do fenômeno aterrorizante ou horroroso para que possa contemplá-lo e despertar nele o sentimento do sublime”(Convite à Estética, pág.240), pois, “enquanto o sujeito não puder contempla-la porque o aterrorizante o anula”(Convite à Estética, pág. 240), o sujeito está acorrentado a esse sentimento e não há, portanto, sublime estético e nem artístico.
Considero as Sete Maravilhas como sete obras em que o sublime estético está presente, não só porque o sublime está relacionado às suas origens, mas por ter permanecido até os dias atuais, apesar de só as Pirâmides do Egito ainda poderem ser vistas, por serem capazes de deslumbrar, encantar, maravilhar muitas pessoas sob diferentes ângulos e em diferentes instantes, pois é um deslumbramento que se dá em totalidade e não é divisível em partes, pois o maravilhoso se impõem enquanto conjunto de idéias e formas únicas, jamais encontradas em qualquer outra manifestação da arte, pelo simples fato de não poderem ser copiadas:
“O que há de especial no deslumbramento é que ele me dá vontade de ser aquilo que ele é, me provoca o desejo de tornar-me naquilo que ele é. Nesse sentido, sim, é possível falar no deslumbramento como um caso de harmonia procurada, quer dizer, do sublime - no entanto, uma harmonia nada intelectual porque não sei, antes de deslumbrar-me, que eu queria ser aquilo em que, graças a ele, me torno, assim como não sei em que, exatamente, estou me tornando”
(Paul Valéry)
Referências: